terça-feira, 16 de novembro de 2010

Um pouco de sensatez

O novo salário mínimo


Para avaliar o aumento do salário mínimo proposto pelo governo é preciso saber o que significa “salário do Dieese” (Departamento Intersindical de Estudos Sociais e Econômicos). O Dieese é uma entidade financiada por sindicatos, encarregada de fazer estudos e levantamentos econômicos de interesse da classe trabalhadora. As análises feitas pelos seus técnicos ganharam credibilidade quando obrigaram o governo militar a reconhecer que estava fraudando a realidade para prejudicar os trabalhadores.
O “salário mínimo” do Dieese é uma medida do valor da moeda. Indica a quantidade de produtos que seriam necessários para atender às necessidades básicas de uma família trabalhadora de cinco membros. A base de calculo é o salário mínimo fixado por Getulio Vargas em 1941.
Na moeda atual, para permitir gasto semelhante ao de 1941, o salário mínimo no mês de outubro deste ano deveria estar fixado em R$ 2.132,09. Esta cifra dá uma idéia do quanto a classe trabalhadora perdeu no curso desses anos.
Uma pesquisa realizada entre famílias que ganham apenas o salário mínimo – lembrando que elas constituem 70% das famílias brasileiras – demonstrou que alimentos considerados nobres – como queijo, carne, frutas, suco de laranja – não fazem parte da dieta dessas pessoas. No entanto, elas gastam cerca de 70% do orçamento familiar com a aquisição de alimentos. Obviamente, o que sobra para comprar bens industriais e serviços não pode sustentar o
desenvolvimento do país.
O governo anuncia aos quatro ventos a disposição de conceder um salário mínimo de R$ 538,00 – um pífio aumento de R$ 28,00 no valor do salário atual. Ridículo.
O PSOL sempre defendeu o salário mínimo do Dieese. Mas, diante da situação atual da classe trabalhadora e da debilidade política das mobilizações da classe para reivindicar salário maior, a bancada federal do partido apresentou à Câmara dos Deputados a proposta de reajuste para R$ 700,00 – sabendo que esse valor ainda é irrisório, mas significa mais uma promessa descumprida por Lula, que no início de seu primeiro mandato prometeu dobrar o valor do mínimo. Se Lula estivesse cumprindo a promessa feita em 2003, hoje o salário mínimo deveria ser de ao menos R$ 700,00. O debate proposto pela bancada do PSOL visa, ainda, mostrar que o país tem toda condição de estabelecer um salário mínimo igual ao proposto pelo Dieese.
Para demonstrá-lo, basta assinalar que o salário mínimo brasileiro é inferior ao de vários países da América Latina, apesar da diferença enorme entre a renda nacional brasileira e a dessas nações.
Enfim, o novo salário não passa de mais um engodo da burguesia brasileira, que continua dando calote no povo – infelizmente, ainda pouco politizado e desorganizado como produto das condições em que vive.

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